segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sargento-Mor

Doze filhos de Matilde Justina de Souza, tetraneta de Manuel Nogueira de Lucena, trouxeram para a família Cambôa o sangue do Sargento-Mor Antônio de Souza Machado, pela união matrimonial daquela com um descendente em segunda linhagem do fundador de santa Luzia de Mossoró. Não há informações em contrário se bem não existam outras além de argumentos fortalecendo a possibilidade de ter sido Raimundo de Souza Machado, intendente de 1861 a 1868 ( dois períodos ), marido de Matilde Justina de Souza, pais de Alexandre, Manuel, Antônio, Raimundo, Hipólito, Augusto, Zacarias, João e as mulheres, Ana, Matilde, Bonifácia e Izabel, todas com sobrenome Souza machado, neto do português fundador da cidade.
O Sargento-mor veio cedo para o nordeste, situando-se no jaguaribe, onde se matrimoniou com Rosa Fernandes, ornamento da sociedade de São Bernardo das Russas. Isto, possivelmente em 1730, teria vindo para a ribeira do Mossoró, no Rio Grande do Norte pelos idos de 1702. Trouxe mulher e filhos com os quais situou fazendas em Santa Luzia, Grossos, Panela do Amaro e outras localidades.
Outras referências sobre a família, sempre com a dúvida da descendência são feitas pelo historiador Luiz da Câmara Cascudo em Notas e Documentos para a historia de Mossoró, onde, além de Raimundo de Souza machado, as alusões a outros: Alexandre de Souza Machado, Cosme de Souza Machado, criadores na povoação de Mossoró e João Romualdo de Souza Machado, nas fazendas de Mossoró e do Assú.

Mossoró,liberdade.Ver blog gemaia.

O Auto da Liberdade - Parte II - 20 de Setembro de 2010 às 21:23

O espetáculo “Auto da Liberdade”, que é encenado anualmente em Mossoró nos dias que precedem o trinta de setembro, é composto de quatro atos: a Libertação dos Escravos, a Revolta das Mulheres, a Defesa de Mossoró contra o bando de Lampião e o Primeiro Voto Feminino. O texto é de autoria do poeta Joaquim Crispiniano Neto.
Na primeira parte desta matéria tratamos de explicar como se deu a Libertação dos Escravos em Mossoró. Trataremos agora do episódio que ficou conhecido como a Revolta das Mulheres ou Motim das Mulheres de Mossoró.
O Motim das Mulheres de Mossoró foi um movimento de protesto ocorrido em 30 de agosto de 1875, contra a obrigatoriedade do alistamento militar para os jovens.
Corria o ano de 1875 e o país vivia uma fase de intensa vibração partidária. Vários movimentos populares estouravam no Brasil e o clima se agravou mais com a queda do Gabinete de 7 de março de 1871, presidido pelo Visconde do Rio Branco. Para substituir o Visconde, o Imperador convidou o Duque de Caxias para organizar o Ministério de 25 de junho. Ao assumir o Ministério, no entanto, Caxias deparou-se com uma medida extremamente impopular: o Decreto nº. 5.881 de 27 de janeiro de 1875, que aprovava o regulamento do recrutamento para o Exército e Armada. O objetivo do recrutamento obrigatório era de dotar o país de uma tropa de reserva treinada e não, como é anunciado por alguns órgãos da mídia, recrutar soldados para a Guerra do Paraguai, visto que a Guerra havia terminado desde 1870. Mas o recrutamento, que no momento era indispensável e lógico, exasperou o povo e constituiu elemento poderoso de irritação coletiva. E em quase todo o país estalaram tumultos provocados pela aplicação da lei do recrutamento.
No Rio Grande do Norte vários protestos populares surgiram contra a aplicação da tal lei. Em Arês, a 1º de agosto, homens e mulheres seguidos por um grupo de indígenas armados de faca e cacetes invadiram a Igreja Matriz e destruíram tudo que dizia respeito ao recrutamento como livros, papéis e editais. No mesmo dia, no município de Canguaretama, um grupo de homens e mulheres invadiram a Igreja onde estava sendo feito o alistamento, rasgando e queimando toda a documentação. Nessa luta, o capitão João Paulo Martins Nanninguer mandou dispersar o movimento à baioneta e ficaram feridas dezesseis pessoas. No município de Goianinha ocorreu movimento idêntico.
Em Mossoró, o movimento não passou em branco. Mais uma vez a fibra do povo mossoroense foi mostrada. Ninguém desejava que seus filhos fossem apanhados para o serviço militar, notadamente quando era sabido das intenções dos chefes políticos dominantes em darem preferência a filhos de adversários. Foi aí que um grupo de mulheres, inspiradas nos movimentos que estavam acontecendo no restante da Província, promoveram uma manifestação e conseqüente passeata pelas ruas da cidade, rasgando os editais afixados na Igreja de Santa Luzia como também livros e papeis relativos ao alistamento, encaminhado-se depois a redação do jornal O Mossoroense, onde destruíram cópias dos editais que ali estavam para serem publicados. Saindo dali, foram para a Praça da Liberdade, onde entraram em luta corporal com os soldados que haviam sido enviados para dominar a rebelião, tendo como resultado algumas mulheres feridas, só não assumindo conseqüências mais graves graças a interferência de outras pessoas que se encontravam no local.
O movimento contou com a presença de mais de 300 mulheres, que eram chefiadas por Ana Floriano, uma mulher alta, forte, de olhos azuis e cabelos louros, que vinha a ser a mãe do jornalista Jeremias da Rocha Nogueira, fundador do jornal O Mossoroense. Outras mulheres que se destacaram no movimento foram Maria Filgueira, esposa do Capitão Antônio Secundes Filgueira e Joaquina Maria de Góis, mãe do historiador Francisco Fausto de Souza.
A 31 de agosto a Câmara Municipal comunica ao Presidente da Província o fato ocorrido. Este, por sua vez, exigiu que fosse feito um inquérito para levantar a responsabilidade pelo movimento, pedindo urgência nas providências e oferecendo, inclusive, reforço policial se necessário fosse. A peça processual, no entanto, desapareceu do arquivo do Departamento da Segurança Pública, não sendo tomadas outras providências.
Em ofício de 4 de setembro do mesmo ano, o Juiz de Direito de Mossoró, Dr. José Antônio Rodrigues, narra sua versão dos fatos ao Presidente da Província, Dr. João Bernardo Galvão Alcoforado Júnior. Na versão do Juiz, o movimento contava com um grupo de 50 a 100 mulheres, capitaneadas por D. Maria Filgueira, mulher do Capitão Antônio Filgueira Secundes, 3º Suplente de Juiz Municipal e D. Maria de Tal, mãe do jornalista Jeremias da Rocha Nogueira, pretenso chefe liberal.
O que diferenciou o movimento de Mossoró com os dos demais municípios, foi o fato de aqui ter surgido entre as mulheres, não tendo sido registrado a presença de nenhum homem. Eram mães, mulheres, irmãs e noivas defendendo os seus filhos, maridos, irmãos e noivos. Foi mais um capítulo da luta do povo mossoroense na defesa dos seus direitos e da sua liberdade.

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