quarta-feira, 27 de março de 2013

Celina Guimarães fiana.


elina Guimarães Viana - 09 de Abril de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento


Em 25 de novembro de 1927, era concedido, pela primeira vez na América do Sul, o direito de voto a uma mulher. A Lei de nº 660, de 25 de outubro de 1927, sancionada pelo Governador
José Augusto Bezerra de Medeiros regulamentando o Serviço Eleitoral no Estado do Rio Grande do Norte, estabelecia não mais haver “distinção de sexo” para o exercício do sufrágio eleitoral e condições de elegibilidade. O projeto que alterava a lei ordinária foi de autoria do deputado mossoroenseAdauto Câmara, que o apresentou na Assembléia Legislativa com aprovação unânime. E foi com base nessa Lei que a 25 de novembro do mesmo ano, a professora


Celina Guimarães Viana requereu sua inclusão no alistamento eleitoral. Seu requerimento preencheu todas as exigências da Lei e nesse mesmo dia, verificados os documentos que o acompanhavam, exarou o Juiz Israel Ferreira Nunes, então Juiz Eleitoral de Mossoró, em substituição ao Dr. Eufrásio de Oliveira, seu jurídico despacho, mandando incluir o nome da requerente na lista geral de eleitores deste município. Coube, portanto, a D. Celina Guimarães Viana a condição de primeira eleitora não só deste Estado como do país e de toda América Latina. 

Celina de Amorim Guimarães nasceu em Natal/RN, a 15 de novembro de 1890. Era filha de José Eustáquio de Amorim Guimarães e Eliza de Amorim Guimarães. 

Estudou na Escola Normal de Natal, onde concluiu o curso de formação de professores. E foi nessa mesma Escola que conheceu aquele que seria o seu companheiro por toda vida: Elyseu de Oliveira Viana, um jovem estudante vindo de Pirpirituba/PB, com quem se casou em dezembro de 1911. 

Em janeiro de 1912 foi designada para ensinar a cadeira de Ensino Misto Infantil do Grupo Escolar Tomás Araújo, Em Acari, juntamente com o seu marido, onde permaneceram até 1913. 

E foi assim que a 13 de janeiro de 1914, atendendo convite do Dr. Manuel Dantas, então diretor de Instrução Pública do Estado, foi transferida para Mossoró, onde assumiu a cadeira infantil do Grupo Escolar 30 de setembro. 

Dona Celina era uma mulher muito dinâmica, inteligente e assídua no trabalho. Essas qualidades fizeram com que ela fosse merecedora de elogio individual registrado no relatório elaborado em setembro de 1914 pelo Inspetor de Ensino, professor Anfilóquio Câmara, e inscrito no Livro de Registro Profissional. 

Quanto à questão do primeiro voto feminino, vale salientar que não foi D. Celina a primeira mulher a requerer a sua inclusão no alistamento eleitoral. Quem o fez foi a professora Júlia Alves Barbosa, que era catedrática da Escola Normal de Natal, em 24 de novembro de 1927. “Teve todavia, deferimento retardado pelo Juiz Manuel Xavier da Cunha Montenegro, da 1ª vara da capital, dada a condição de solteira da requerente, somente despachado e publicado pelo Diário Oficial do Estado em data de 1º de dezembro”. Dessa forma, coube a D. Celina o pioneirismo. 

Na foto que ilustra este artigo que foi gentilmente cedida por Maria Lúcia Escóssia, diretora do Museu Histórico “Lauro da Escóssia”, vemos o exato momento em que D. Celina depositava o seu voto na urna eleitoral, numa mesa formada pelos senhores José Ribeiro Dantas, Augusto da Escóssia, Bonifácio Queiroz, assistida pelo Deputado Federal Rafael Fernandes Gurjão e Dr. João Marcelino de Oliveira, delegados de partido. Vemos ainda na foto as senhoras Beatriz Leite Morais e D. Elisa da Rocha Gurgel, que obtiveram também o direito de votar na mesma eleição de 5 de abril de 1928, onde o Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros concorria a vaga deixada no Senado por Juvenal Lamartine, que havia sido eleito para o Governo do Estado do Rio Grande do Norte. 

Quando falamos da professora Celina Guimarães, lembramos apenas que ela foi a primeira mulher da América Latina a conquistar o direito de voto. Esquecemos, muitas vezes, de lembrar a grande profissional que ela foi no campo da educação de jovens, qualidade essa que fez com que o seu nome fosse inscrito no Livro de Honra da Instrução Pública, o que significava, na época, o reconhecimento pelos bons serviços prestados ao Estado do Rio Grande do Norte.
          
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Autor:
Geraldo Maia do Nascimento

segunda-feira, 25 de março de 2013

HERANÇA INSANA.

         Ainda no terceiro milênio ,muitos sonegam o socorro,nos cafezais plantados nos arranha-céus,nos canaviais das indústrias,nos pelourinhos das empresas infestados de miseráveis.Tanta gente retorce a morte,contorce a vida nas folhas ressequidas e nas raízes profundas da mãe Africa,escravidão arraigada......
    Vivemos a mentira da justiça social desencantados como meio vivemos a  falta dos traços de humanidade,agoniza a dignidade,extermina o emprego,eclode o subemprego,emerge o fantasma do desemprego e instala-se o complexo de vira-latas,escravidão desumana....No fiapo da história é o mendigar indignado desnudo de cintura para baixo que trafega e trafica o lamento desejo do inteiro e é só saco.Fingindo de vivo,morrendo em espírito ,morte que não mata e não morre sobra perversa da natureza.O grito transforma-se em balbucio ,deu certo o erro,persistente companheiro dos poderosos,escravidão insana.
                      Fonte de pesquisa: Projeto Literário Delicatta V

quarta-feira, 20 de março de 2013

ALCIDES DIAS FERNANDO.


ALCIDES DIAS FERNANDES E O ENSINO COMERCIAL EM MOSSORÓ II - 17 DE MARÇO DE 2013

Por Geraldo Maia do Nascimento

Alcides Dias Fernandes era um homem simples e bom, comunicativo e alegre, dotado de irradiante simpatia. Foi um homem de muitos amigos. Por isso, o dia 27 de setembro, dia do seu aniversário natalício, nunca passava sem festa. Já ao amanhecer, os preparativos, que vinham sendo badalados de véspera, prosseguiam num corre-corre sem fim, tudo dirigido pelos brados da esposa, dona Maria Maia, para quem o tempo era sempre curto no atendimento de suas preocupações, a fim de que nada pudesse faltar naquele “Dia Santo da Família”, nas palavras do memorialista Raimundo Nonato. O aniversário de Alcides era sempre um grande acontecimento na cidade de Mossoró.
              
Dona Maria Maia, sua esposa, era uma mulher extraordinária, para quem o mundo se reduzia aos limites de sua casa, na presença do marido e no afeto com que cuidava dos filhos. Matriarca no velho estilo, mulher valente, franca, positiva e sem “papas na língua”. A bem da verdade, sua casa abrigava, além da família, um número razoável de parentes e aderentes, primos e sobrinhos, rapazes e moças que ali habitavam, estudando ou trabalhando sob suas ordens, cordiais, alegres e despreocupados. Tinha uma profunda afeição pelas criaturas mais humildes, às vezes, pelos mais desgraçados e pelos abandonados de tudo e de todos. No meio de tanta gente que enchia aquela casa acolhedora, vivia um tipo popular, conhecido na cidade pelo apelido de Zé Alinhado. Oriundo das “enrruscas de São Miguel de Pau dos Ferros”, conforme ele próprio afirmava, aqui aportou trazido pela enxurrada revolucionária de 1930 e por aqui ficou.


Encontrou guarida na casa de Alcides Fernandes e Maria Maia, que passou a ser o seu “anjo tutelar” e sua segunda mãe, como nos informa Raimundo Soares de Brito. Quantas vezes a insana turbulenta de Zé Alinhado não o levou às grades da cadeia. Mas a sua permanência ali só durava o tempo em que dona Maria não tomasse conhecimento da ocorrência. Questão de minutos. Morando ali pertinho, ao ser informada, corria a tirá-lo da prisão. Quantas vezes? Muitas. Em troca de tudo, Zé alinhado executava aqueles trabalhos caseiros: fazia compras, conduzia feiras, cuidava do jardim, cortava lenha, alimentava os cachorros e trazia limpa toda a área externa da casa, conforme nos diz Lauro da Escóssia nos seus escritos.
               
Alcides Fernandes era comerciante, político por circunstâncias, sério, compreensivo, vivia muito mais preocupado com a sua União Caixeiral e seus problemas, do que mesmo com as atividades do seu estabelecimento comercial, que embora grande e ligado a uma poderosa firma, onde predominava figuras destacada da família, nunca foi um homem rico, naquele sentido de juntar dinheiro. Era desprendido e liberal de tal modo que nem ao menos deixou uma casa para seus descendentes.
               
A história do Curso de Ensino Superior fundado em Mossoró, em 1942, foi um capítulo novo que se iniciou na vida de Alcides Fernandes. Tudo surgiu com a chegada de um despacho telegráfico vindo do Rio de Janeiro, dando conta que o Governo Federal acabava de autorizar o pagamento de uma subvenção consignada no Orçamento da República em favor da Escola Técnica de Comércio União Caixeiral. 


Imediatamente Alcides reuniu os colaboradores da Escola para comunicar a boa nova, e ao mesmo tempo decidirem onde aplicariam aquela verba. Ai surgiu à ideia de se criar um curso superior em Mossoró. Apanhado de surpresa, Alcides Fernandes perguntou? – Quer dizer que nós vamos ter uma Escola para fazer Doutores em Mossoró? Pois se for isso, vamos partir para campanha. Vamos criar o curso.
               
E assim foi criada a Faculdade de Ciências Econômicas de Mossoró (FACEM), instituída através da Resolução n.º 01/43, de 18 de agosto de 1943, por iniciativa da Sociedade União Caixeiral, mantenedora da Escola Técnica de Comércio União Caixeiral.
               
Alcides Dias Fernandes foi um homem que pelo seu trabalho, pelo seu idealismo e pelo seu amor a terra, se tornou um homem especial. Foi o criador de uma Escola onde nasceu uma Universidade. E porque era assim tão notável e de tão evidente sentido cultural, conquistou o seu lugar ao sol, o direito de ser, entre os mortais, um espírito iluminado pela consagração do valor, da inteligência e da imortalidade.


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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fonte:
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quinta-feira, 7 de março de 2013

Antonio Rodrigues de Carvalho- FAMÍLIA CAMBOA.

                                                                                                                                                               

     Nasceu no sítio Capim Grosso, no atual município de Upanema, em 13 de junho de 1927, dia em que o bando de Lampião invadiu Mossoró. Devido a um erro, ele foi registrado como se tivesse vindo ao mundo em 13 de janeiro do mesmo ano. Seus pais eram o trabalhador braçal Luis Rodrigues de Carvalho e a lavadeira Cosma Martiniano de Carvalho. Casou-se com uma descendente da Família Camboa, D. Maria Augusta Filgueira, esta bisneta  de Augustino Filgueira de Melo, neta de Antonio Augustino Filgueira,e filha de Vicente Justino Filgueira e D. Heliza Fernandes Filgueira .
     O menino que viria a ser prefeito de Mossoró em dois mandatos chegou a cidade aos 7 anos, em 1934, trazido no lombo de um burro por tropeiros a pedido de duas irmãs que trabalhavam na cidade como empregadas domésticas.
    O ex-prefeito cursou o primário em escolas públicas. Ao chegar ao antigo ginásio, ele se viu em dificuldades porque na década de 1930 apenas o Colégio Diocesano Santa Luzia oferecia o curso. Próximo ao então vereador Manoel João, Antonio Rodrigues de Carvalho mandou uma carta ao então governador Rafael Fernandes que conseguiu uma bolsa de estudos para ele. Ao concluir mais essa fase nos estudos, Antonio Rodrigues de Carvalho teve que se mudar para Natal para cursar o científico. Ele morou na Casa do Estudante e estudou no Ateneu onde também foi professor.
    Morador da Casa do Estudante, Antonio Rodrigues entrou para o movimento estudantil integrando a Associação Potiguar dos Estudantes. Logo sua boa oratória lhe fez chegar a política. Convidado para completar uma chapa para deputado estadual ele chegou a Assembléia Legislativa aos 21 anos de idade.
    Ao longo do primeiro mandato foi preciso conciliar os trabalhos legislativos com o curso de Direito em Maceió ( o Rio Grande do Norte não oferecia estudos jurídicos na década de 1940) e as aulas no Ateneu.
    O passo seguinte na carreira política foi chegar à Prefeitura de Mossoró. Ele sucedeu Jerônimo Vingt Rosado Maia ( 13/01/1918 - 02/02/1995) , eleito em 05 de janeiro de 1958, pela legenda do PTB, tomando posse a 31 de março do mesmo ano, se tornando o mais jovem prefeito da segunda cidade do Rio Grande do Norte, aos 31 anos. Da Assembléia Legislativa, ele partiu para a maior proeza de sua carreira política: ser, em 1968, o ultimo prefeito  de Mossoró eleito sem o apoio da família Rosado.
    Eram tempos do Regime Militar, sem eleição direta para a escolha de governadores e prefeitos de capitais, a escolha do prefeito de Mossoró era o pleito mais importante do Rio Grande do Norte.
    No pleito de 15 de novembro de 1968, de um lado estava Jerônimo Vingt-un Rosado Maia e do outro Antonio Rodrigues de Carvalho na mais emocionante e equilibrada eleição já vista em Mossoró. A disputa ficou conhecida como o embate do ¨Touro¨( Vingt-un) e do ¨Capim¨(Antonio) que venceu por 98 votos. Ao encerrar seu mandato em 1973, largou a política para realizar seu grande sonho: se formar em medicina, atuou como clinico geral até o seu falecimento.
    O ex-prefeito de mossoró faleceu aos 82 anos de idade em Natal, deixando dois filhos, três netos e a viúva Maria Augusta Filgueira.

   Fonte: Jornal O Mossoroense.